As eleições municipais deste ano evidenciaram a necessidade urgente de a esquerda brasileira repensar seu papel no cenário político nacional.
Juntos, PT, PDT, PCdoB, PV e Rede elegeram apenas 433 prefeitos no primeiro turno das eleições deste ano, representando 8% do total de prefeituras conquistadas, enquanto 92% dos prefeitos eleitos são de partidos de centro, direita e extrema-direita.
Além disso, a esquerda não conquistou nenhuma capital no primeiro turno e está disputando o segundo turno em apenas cinco.
Esse desempenho reflete a crescente desconfiança do eleitorado em relação às propostas da esquerda, tanto nos grandes centros urbanos como no interior do país, onde partidos conservadores expandiram sua influência.
A modernização da esquerda é essencial não apenas para sua sobrevivência, mas para o fortalecimento da democracia brasileira. Um sistema democrático saudável requer contrapontos ideológicos.
O domínio da direita, sem uma oposição convincente, pode levar a um debate público unidimensional e enfraquecer o pluralismo.
Historicamente, a esquerda tem promovido discussões sobre justiça social e igualdade, mas sua forma de comunicação e ação nos últimos anos tem desvirtuado seus princípios ideológicos, e afastado com isso as massas de sua órbita.
De uma hora para outra, a discussão de cotas de gênero, por exemplo, se tornou muito mais importante para a esquerda do que a elaboração de um projeto para a construção de casas populares.
Para se manter relevante, a esquerda precisa atualizar suas propostas, apresentando soluções para temas como educação, saúde, segurança, desenvolvimento econômico, agricultura, esporte, e outras necessidades prementes, que preocupam a maioria da população.
A esquerda muitas vezes permanece presa a discursos que não dialogam com o cotidiano do eleitor médio.
Se essas mudanças não forem realizadas, a esquerda continuará a perder espaço, permitindo o crescimento desproporcional da direita, o que prejudica o equilíbrio democrático.
O fortalecimento da esquerda com propostas modernizadas e novas estratégias é fundamental para evitar que o Brasil mergulhe em um cenário de polarização extrema e radicalismo conservador, o que é tão ruim quanto um governo puramente esquerdista.
Finais
Findada as eleições majoritárias neste ano em nossa região, alguns políticos, não eleitos obviamente, já se preparam para ficar longe dos holofotes por um bom tempo.
Fernando Ferreira, o popular Chimia, que disputou a Prefeitura de Balneário Gaivota pelo MDB, já anunciou que deixará o partido e que também não pretende disputar nenhum outro cargo eletivo.
Adelírio Monteiro, também filiado ao MDB, que disputou pela segunda vez seguida a Prefeitura de Praia Grande, tendo sido derrotados nas duas tentativas, é outro que deverá colocar as barbas de molho no que diz respeito a disputas majoritárias.
Já o vereador Peri Soares, que disputou a Prefeitura de Sombrio pelo Progressistas, e está envolto a um escândalo envolvendo a falsificação de seu certificado de conclusão do ensino médio, por óbvio também deverá se retirar do cenário político-eleitoral, por questões morais, e desdobramentos criminais em relação ao caso.
Além de um processo de cassação na Câmara de Vereadores, Peri também deverá enfrentar uma ação judicial por falsificação de documento público.
Dos dez prefeitos de nossa região que disputaram a reeleição neste ano, nove enfrentaram a oposição dividida em duas, três ou outras quatro candidaturas majoritárias.
O único prefeito que postulou a reeleição tendo apenas um adversário foi Almides da Rosa (PSDB), em Santa Rosa do Sul, que derrotou o ex-prefeito Nelson Cardoso de Oliveira (PSD).
Dos dez que disputaram a reeleição, oito somaram mais de 50% dos votos, e teriam sido reeleitos mesmo que a oposição estivesse unida.
No entanto, nos municípios de Morro Grande e o de Torres, se a oposição estivesse unida, é provável que o prefeito não tivesse sido reeleito.
Há também o curioso caso de Turvo, onde os políticos que elegeram o atual prefeito Sandro Cirimbelli (PP), em 2020, se dividiram em duas frentes, lançando candidatos a prefeito pelo Progressistas e também pelo PL.
Neste caso, a situação se dividiu, dando a eleição a Heriberto Schimdt (MDB), que era o único candidato de oposição.