Entre seis oficinas mecânicas de Araranguá, nenhuma se dispôs a enviar profissionais para providenciar a remoção (guinchamento) ou à troca a mangueira do tanque de combustível do veículo de um cliente. Várias justificativas foram explanadas, desde a alegação quanto a falta de profissionais, ando pela carência de tempo e dificuldade em encontrar peças, até ao absurdo fato de que nas sextas-feiras a tarde, o ritmo de trabalho já está desacelerado.
Para completar essa cenário horroroso, ainda teve aqueles que reagiram com mau humor ao pedido do cliente! A impressão é que desejar contratar o serviço é sinônimo de ofensa para eles, que preferem ficar debruçados sob o balcão falando da vida alheia ou reclamando da economia...
No comércio, o qualificado atendimento também está cada vez mais raro. Na semana ada, uma leitora desabafou ao contar-me que, realizou suas compras de rotina, mas ao fazer o pagamento surpreendeu-se com a reação da moça do caixa. “Ela quase rasgou à nota de 200 reais que apresentei, de tanto que manuseou para cerificar sua originalidade. Não contente, ainda comentou que a empresa não gosta de receber células deste valor. Depois continuou resmungando... Fiquei pasma e perplexa, completamente estagnada com a sequência de atitudes”, revelou.
A "ex-cliente" do atacadista ainda comentou que, quando à moça solicitou a intervenção do fiscal de caixa, este – sem cumprimentar ninguém - chegou abruptamente, fazendo “novo teste de resistência na cédula de 200” sob os olhares atônitos dos demais clientes que aguardavam na fila.
Dizem às más línguas que, na ocasião, à nova cédula foi submetida a tantos testes de resistência que assustou até o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), cuja imagem está ali estampada.
O resumo da opera é que, o atacadista - que investe fortemente em publicidade, mas falha bisonhamente ao não capacitar seus profissionais - perdeu uma cliente cativa, que comprava religiosamente todos os dias no local, como também escapou de ser processado - por falta de orientação - em consequência do imperdoável constrangimento ao qual fora submetido à compradora. E, pela sequência de equívocos, a impressão é de que, fatos como este, não devem ser isolados.
Mas, não é só isso: em determinadas agências bancárias - sob a alegação de prevenção em relação ao coronavírus - os clientes precisam providenciar, no máximo até às 12h30min, o respectivo agendamento de atendimento no caixa.
O cômico, para não dizer trágico, é que, ao aguardar, no entorno externo da agência, os cidadãos normalmente deparam-se com filas quilométricas, convivendo lado a lado, muitas vezes sob fortes raios de sol ou chuva torrencial.
Nesse caso, transparece o sentimento de que, o cliente está pagando uma verdadeira penitência para poder quitar seus débitos ou fazer transações bancárias, além de invariavelmente, ter que saldar gigantescas taxas de juros.
Enfim, caros leitores, situações semelhantes a estas ocorrem frequentemente em Araranguá. É mais cômodo e bem mais fácil culpar os políticos e à crise gerada pela pandemia da Covid-19 do que investir em planejamento, infraestrutura de atendimento e funcionamento, além da constante e indispensável qualificação dos profissionais.
* Nota de R$ 200 | Foto: Reprodução/Banco Central